Retrospectiva 2025 – Show apoteótico no Rio coroa o ano consagrador de ‘Dominguinho’, projeto regido pelo afeto

Jota.Pê (à esquerda), João Gomes (ao centro) e Mestrinho dividem o palco da Brava Arena Jockey na última apresentação de 'Dominguinho' em 2025 Rodrigo Gof...

Retrospectiva 2025 – Show apoteótico no Rio coroa o ano consagrador de ‘Dominguinho’, projeto regido pelo afeto
Retrospectiva 2025 – Show apoteótico no Rio coroa o ano consagrador de ‘Dominguinho’, projeto regido pelo afeto (Foto: Reprodução)

Jota.Pê (à esquerda), João Gomes (ao centro) e Mestrinho dividem o palco da Brava Arena Jockey na última apresentação de 'Dominguinho' em 2025 Rodrigo Goffredo ♫ RETROSPECTIVA 2025 ♬ João Gomes foi quem mais circulou pelos diversos segmentos da música brasileira ao longo de 2025. Projeto que conectou o artista pernambucano com o cantor paulista Jota.Pê e o sanfoneiro sergipano Mestrinho, Dominguinho contribuiu decisivamente para ampliar o alcance do canto de Gomes além do universo do piseiro. Dominguinho nasceu de álbum acústico – gravado no Centro Histórico de Olinda (PE) e lançado em 18 de abril – que gerou show que percorreu o Brasil com casas lotadas. A turnê teve a rota de 2025 encerrada na noite de ontem, 26 de dezembro, com a última das três apresentações do trio na Brava Arena Jockey, no Rio de Janeiro (RJ). Caloroso e receptivo, o público que lotou as duas pistas e os camarotes fez impressionante coro com os artistas em músicas como Beija-flor (Jota.Pê, 2015) e o xote Eu só quero um xodó (Dominguinhos e Anastácia, 1973). No álbum Dominguinho, o trio canta repertório que inclui Flor de flamboyant (Estrela da manhã) – sucesso de Kara Veia, nome do cantor e vaqueiro Edvaldo José de Lima (1973 – 2004), morto aos 31 anos – e Pontes indestrutíveis (2007), reggae do repertório da banda Charlie Brown Jr. Jota.Pê conta como nasceu o projeto 'Dominguinho' no g1 Ouviu ao vivo No show, João Gomes, Jota.Pê e Mestrinho extrapolam o repertório do disco e, não raro, recebem convidados. A temporada na Brava Arena Jockey começou com a imprevista entrada em cena de Marisa Monte no show de 20 de dezembro. Na derradeira apresentação, ontem, foi Maria Gadú quem dividiu com os cantores o palco adornado com telão de LED que projeta imagens que dão a impressão de que o trio está cantando ao ar livre em rua de Olinda (PE). Gadú cantou Desde que o samba (Caetano Veloso, 1993) e Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1947), toada que simboliza o Nordeste entranhado na gênese do repertório do disco e show Dominguinho. A rigor, o trio nem precisaria de convidados para manter o público fisgado por um cancioneiro composto com a afetividade que rege o encontro de João Gomes, Jota.Pê e Mestrinho. O show é longo (a apresentação de ontem durou duas horas e meia), mas o público não arreda pé. Houve momentos para brilhos individuais. Jota.Pê foi merecidamente ovacionado ao apresentar a canção autoral Ouro marrom (2023), joia de sensibilidade em que o artista expõe a relação com a negritude e se posiciona em relação ao racismo estrutural, enfatizando o orgulho de ser preto. Solos à parte, a razão do sucesso de Dominguinho parece estar justamente no coletivo. É da união entre João Gomes, Jota.Pê e Mestrinho que nasceu o poder de sedução desse show afetuoso que arrastou multidões ao longo do ano e se tornou um dos projetos musicais mais bem-sucedidos de 2025.