Jota.Pê expõe o ouro do cancioneiro autoral em show feito no Rio com a voz, o violão, a verve e a verdade do artista

Jota.Pê canta e toca violão em show feito ontem, 6 de setembro, no J Club, na casa Julieta de Serpa, na cidade do Rio de Janeiro (RJ) Rodrigo Goffredo ♫ OPI...

Jota.Pê expõe o ouro do cancioneiro autoral em show feito no Rio com a voz, o violão, a verve e a verdade do artista
Jota.Pê expõe o ouro do cancioneiro autoral em show feito no Rio com a voz, o violão, a verve e a verdade do artista (Foto: Reprodução)

Jota.Pê canta e toca violão em show feito ontem, 6 de setembro, no J Club, na casa Julieta de Serpa, na cidade do Rio de Janeiro (RJ) Rodrigo Goffredo ♫ OPINIÃO SOBRE SHOW Título: Se o meu peito fosse o mundo Artista: Jota.Pê Data e local: 6 de setembro de 2024 no J Club da Casa Julieta de Serpa (Rio de Janeiro, RJ) Cotação: ★ ★ ★ ★ ♪ Quando João Paulo Gomes da Silva entrou no palco do J Club e soltou a voz em abordagem a capella de Oceano (Djavan, 1989), o canto encorpado do intérprete já deixou claro que havia ali um artista de verdade. Na certidão musical, João Paulo é Jota.Pê, cantor em ascensão, sobretudo desde a edição do segundo álbum, Se o meu peito fosse o mundo (2023 / 2024). Durante cerca de uma hora e dez minutos, Jota.Pê deu voz aveludada a músicas do repertório autoral, arriscou pisadas em terrenos alheios – como a abordagem macia da canção À primeira vista (Chico César, 1995) e o canto reverente de A ordem natural das coisas (Damien Seth e Emicida, 2019) – e tocou um violão muito competente, saindo vitorioso do palco. Fazer show de voz e violão é como se desnudar diante da plateia, sobretudo na era digital em que imperam batidas e processadores de áudio, entre outros artifícios usados para (tentar) abafar fragilidades melódicas, harmônicas e/ou vocais. Vestido com as já notórias classe e elegância, Jota.Pê encarou a nudez artística e a plateia afável do Rio de Janeiro (RJ) em show que reiterou o talento sobressalente deste paulista de 31 anos – nascido em Osasco (SP) em 14 de fevereiro de 1993 – tanto como cantor quanto como compositor. Da beleza de Preta rainha (2022) ao balanço black de Quem é Juão (2024), canção autobiográfica que arrematou o bis, Jota.Pê segurou o público, seguindo roteiro que alternou canções que destilaram dores elegantes – casos de Abrigo (2021) e Folha (2023) – com composições que se erguem em ondas mais agitadas, como Feito maré (Jota.Pê e José Gil, 2024), música gravada pelo cantor com o trio Gilsons, e como Crônicas de um sonhador (2015), tema-título do primeiro álbum do artista, lançado há nove anos. Falante, Jota.Pê se comunicou bem com o público, incentivando o coro da plateia (que já conhecia as músicas) e contando com verve histórias sobre as canções. Mas, elas, as canções se sustentariam sem papo. Difícil resistir ao balanço de Tá aê (Jota.Pê e Theodoro Nagô, 2023), música banhada tanto pela obra de Mayra Andrade como pela ancestralidade do suingue afro-brasileiro. Caminhos (Jota.Pê e João Cavalcanti, 2024) apontou a rota final do show, quando o cantor fez cair Garoa (2021) – música-título de EP lançado pelo artista há três anos – antes do bis, iniciado com Comum (2022), tema do repertório do duo ÀVUÀ, formado em 2020 por Jota.Pê com Bruna Black. Tesouro do cancioneiro autoral do artista, que já surgiu em disco no formato de voz e violão, a canção Ouro marrom (2024) é joia que reluziu no show com toda a sensibilidade e verdade que guiam Jota.Pê em trajetória que deverá elevar ainda mais o cantor e compositor em futuros discos e shows. Jota.Pê canta músicas autorais como ‘Abrigo’, ‘Caminhos’, ‘Feito maré’, ‘Folha’ e ‘Ouro marrom’ em show na casa carioca J Club Rodrigo Goffredo